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A Saúde Mental sob a Ótica da Antroposofia: Uma Jornada pelo Mundo Interior

  • Associação Sagres
  • 9 de jun.
  • 4 min de leitura

Quando falamos em saúde mental, muitas vezes focamos nos transtornos e nas doenças. Mas e a saúde em si? Como ela se manifesta? A antroposofia, uma abordagem de conhecimento ampliada por Rudolf Steiner, propõe que, para entender os transtornos mentais, precisamos primeiro criar uma imagem clara da saúde da alma, ou saúde psíquica.

Na psiquiatria, a transição entre saúde e doença é frequentemente fluida, diferente do que observamos na clínica médica convencional, onde as doenças são geralmente mais focadas em órgãos específicos. Para a antroposofia, o estudo da saúde mental requer a construção de um panorama do nosso mundo interno, que é essencialmente subjetivo.


 

Os Pilares da Alma Saudável na Antroposofia

O que compõe esse mundo interno? Segundo essa visão, vivenciamos internamente diversos elementos fundamentais:

·         O Eu (Self): É a sede da nossa autoconsciência e nos confere a capacidade de pensar, sentir, querer e ter memória. Em um estado de saúde, o Eu ocupa de forma equilibrada os diferentes espaços internos.

 

·         O Pensar (Vida Cognitiva): Através do pensar, acessamos os conceitos, que são universais e não pessoais. O que é pessoal é a nossa opinião, o ponto a que chegamos na investigação da verdade sobre um assunto. A verdade é vista como o norte da nossa vida cognitiva, uma estrela que nos orienta. Um pensar saudável exige esforço e exercício, como colocar "rédeas" nos pensamentos, especialmente na vida adulta. Isso se conquista dedicando vontade ao mundo do pensamento, aprendendo a prestar atenção, a se concentrar e a desenvolver imagens interiores que formam a memória. A capacidade de pensar é considerada a origem da liberdade humana.


·         O Sentir: Totalmente diferente do pensar, o sentir revela o nosso vínculo. Ele nos conecta à natureza (amor, gratidão), a outras pessoas (amor, ódio, simpatia, antipatia) e a valores espirituais ou filosóficos (amor pelo que é superior). Embora menos diferenciado que o pensar, o sentir pode nos preencher muito mais. O estado ideal para um sentir saudável é a equanimidade, ou "eutimia". Somos livres no sentir, mas ao nos vincularmos a pessoas, assumimos tarefas e responsabilidades. O amor, por exemplo, para viver e crescer, precisa ser lidado criticamente e requer saber manter uma certa distância.

 

·         O Querer (Vontade): Este elemento nasce da condição mais inconsciente em nós e possui um ritmo mais longo, estendendo-se do nascimento à morte. A vontade na alma é vista como uma vontade livre, não totalmente explicável pelo corpo, mas que segue uma dinâmica teleológica, trazendo para o presente aquilo que é a nossa meta futura. A vontade tem um aspecto simpático (busca de satisfação, necessária) e outro antipático (superar resistências, ganhar capacidades, também necessário). Um querer saudável implica atividade.

 

·         A Memória: É uma parte essencial da vida interna, manifestando-se de diversas formas: memória de fatos, memória temporal de processo ou "de linha" (ritmo, sequência, como em música ou verso), hábitos e costumes (mais inconsciente), memória operativa (ligada a intenções e consciência), e a memória cármica (subconsciente, que nos dirige para encontrar os pontos centrais da vida e as pessoas importantes para o nosso destino).

 


A Relação Saudável entre Alma e Corpo

Além desses elementos da alma, a saúde mental antroposófica também considera a relação entre a alma (corpo astral e corpo do Eu) e os corpos físico e etérico. Na saúde, a alma mantém uma relação "frouxa" com o corpo físico e etérico. Isso significa que a alma não é invadida ou possuída por forças patológicas que possam surgir da corporalidade. Há uma dinâmica onde o ser humano, através do sentir e do querer espiritual, pode se dirigir para baixo (seres da natureza), para os outros seres humanos (horizontal) e para o alto (conhecimento espiritual, valores).


 

O Contraste: A Doença Mental

Em contrapartida, os transtornos psiquiátricos são descritos como "verdadeiros transtornos harmônicos". Neles, o mundo interno da alma é invadido e possuído por aquilo que surge de forma patológica do corpo físico e etérico. Essa dinâmica é o oposto do estado saudável. Nos transtornos mais graves, que podem ter origem na "biografia celeste" (vidas passadas) e são vistos como doenças cármicas, funções fundamentais da alma, como a liberdade (que nasce da capacidade de pensar), podem ser perdidas.

 


Cuidado e Desenvolvimento Contínuo

Manter a saúde mental, portanto, envolve cuidar do sono, da higiene do sono, fazer exercício físico, buscar equilíbrio no sentir, veracidade no pensar e atividade no querer. Nos casos de transtornos mentais, a antroposofia, como uma ampliação da psiquiatria clássica, utiliza e reconhece a importância dos psicofármacos quando as medidas terapêuticas baseadas na antroposofia não atingem os resultados esperados.... Os psicofármacos, quando bem aplicados, ajudam a controlar os sintomas e podem auxiliar a pessoa a recuperar sua liberdade e capacidade de viver.

 

Em resumo, a imagem da saúde mental na antroposofia é a de um ser humano com um mundo interior vibrante, livre e equilibrado, onde os elementos da alma (pensar, sentir, querer, memória, Eu) funcionam harmoniosamente e interagem de forma adequada com a corporalidade, permitindo que a pessoa direcione sua vida com consciência e liberdade...

 

Material produzido a partir da live “Criação da imagem da Saúde mental - Fisiopatologia dos Transtornos mentais” com Michael Blaich

 

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